Tudo diferente

Eu ando pelas mesmas ruas que andava há seis meses,

mas tudo me parece tão diferente.

O céu, os carros, a areia vermelha, a vista da parte baixa da cidade.

Até o cheiro da cidade mudou

Tudo soa diferente.

Os meus sapatos são os mesmos, meus óculos, minhas roupas, tudo se mantém do mesmo jeito.

Mas pareço viver em outra realidade.

Deve haver algum motivo. Uma razão, algo distinto, por trás da sensação.

O celular já não toca com tanta frequência.

Já não vejo o nome dela nas mensagens.

Deve ser isso.

Deve ter sido o carnaval, o cansaço, as mentiras.

Deve ser isso.

Meus olhos devem ter mudado em vez da paisagem.

Meu olfato e audição.

Meu corpo inteiro.

Deve ser isso.

Continuo angustiado...

Caminho mudo como sempre fiz,

rumo ao lugar que chamo de casa.

sigo o mesmo trajeto percorrido mecanicamente por meses.

No entanto a sinto um revirar no estômago,

quero gritar,

quero protestar contra o zumbido em meu ouvido,

quero cair no buraco da rua e desaparecer...

Acabou a rua,

o portão branco me encara como toda noite.

Menos mal,

Posso entrar e dormir agora.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 04/03/2013
Reeditado em 04/03/2013
Código do texto: T4170862
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