Gritos (2010)
Ainda me lembro
da briga e da raiva descomunal,
das palavras que nos serviram
como ponto final.
Ficou na memória a secura usual
de uma partida sem despedida
a última em uma relação
que já há muito estava falida.
Quando terminamos,
vi o sol se compadecer
e o dia ficar nublado,
senti a chuva descer,
lavando nossos corpos tão cansados,
levando palavras ditas em momentos
em que deveríamos ter calado.
Tristeza que não pode ser medida!
Meu mundo já tão alagado,
teto que desaba, parede que desmorona,
poema esse tão cafona!
Noites sem sono, falta sem abono,
construção em estado de abandono.
A festa enfim acabou,
os balões estão murchando,
copos caindo e quebrando!
Em desespero, grito por dentro.
E além de mim, quem escutou?
Vinícius R. C.