A dor do poeta

A dor do poeta,

Dor de sentir o amor

Mesmo sem ser amado.

Transpirar furor e ódio,

Mesmo sem ser odiado.

Fazer versos para o vento,

Que em breve

Desfar-se-ão ao relento.

Sentindo o peito sangrar,

E a alma urrar,

Mesmo assim com pena embainhada,

Como espada empunhada.

Continuo a escrever.

Sentindo as mãos enrugadas estremecerem,

O brilho dos olhos

Se desfalecerem.

Transformando em versos,

Aquilo que um dia vimos,

Ou achamos que vimos.

Presenciando fatos que nunca existiram,

Mas que, mesmo assim,

Foram fielmente relatados

Pelas mãos talentosas do poeta.