O poeta e a cidade
Cabisbaixo, caminha o poeta.
Ouve o barulho da manhã;
Afasta-se da multidão,
diz palavras desconexas.
Vozes ecoam:
"Eis um cão com cara de gente".
A alma capta a luz
das flores miúdas,
guardam as mãos,
as cores e o voo
das borboletas.
Os sinos das igrejas,
não tocam mais.
Cala-se no peito uma prece.
Motociclistas voam;
entregam recados
às almas.
As ruas são as mesmas;
repetem cenas de loucura,
indiferença e tédio.