Eu velhinho
Será que quando eu velhinho,
terei braços que me acolham?
terei um coração como ninho,
para que as minhas aflições recolham?
Será que meus cabelos grisalhos,
terão mãos que os acariciem?
Será que minhas dores de velhinho
terão alguém que as curem?
Os olhos caídos de fadiga,
o corpo cansado e tão curvado,
terão ainda algum terno cuidado,
dos braços que um dia lhe foram
a forte viga?
Um amor que nos cubra a vida inteira;
Mas o que é para nós a inteira vida?,
se metade dela está na outra beira,
na outra margem do rio,
onde está minha fonte querida!
Será que minhas rugas, oh Deus!
Terão uma cama para se agasalhar?
Na hora do leito eterno deitar,
Terei lágrimas que me digam adeus?