Vaguear
Passo após passo.
Tudo se vai.
Neste lento caminhar,
Parte de mim esvai em lembranças.
Sussurros do passado murmuram:
“volte. Pedaços seus foram deixados para traz”.
Para eles eu digo:
“Aquilo que outrora me pertenceu, hoje, já não pertence-me mais”.
Assim as vozes se calam.
A nevoa do acaso encobre meu caminho.
Já nem sei se estou indo ou vindo.
Acho que já estou sozinho.
Mas não deixarei de caminhar.
Mesmo que meus pés calejarem,
Em meio a pedras, sangrarem.
Minha passada é continua.
Hoje já não sinto meus pés,
Sinto apenas a poeira,
Se é que já não sou poeira.