Natural(mente)
Olhei pela janela sem querer, juro!
A natureza exibiu o que comporta;
as juritis faziam “poesia” sobre o muro,
Encomendavam o fecundo ovo futuro,
Depois do frêmito, foram ciscar na horta...
A vida pareceu desfilar assim, suave,
Uma vez feito o acasalar dos pombinhos;
O tempo passa, ele não é entrave,
Lá foram eles em sua sina de aves,
Afinal, agora precisam de um ninho...
Entrar no banheiro de manhã é preciso,
Para os devidos cuidados matinais,
Indo vi um besouro de costas pro piso,
Pedalando frenético contra o bom siso,
Sua Imaginária bicicleta de seis pedais...
Assim, a vida pareceu de pernas pro ar,
Irônico, mas, seria o céu, ter apenas chão;
Quando não temos certeza onde pisar,
Quedamos errantes mesmo em nosso lar,
Pois, quem firma os passos, é o coração...
A gata da vizinha subiu na coluna e saltou,
Caindo do lado de dentro do cercado;
Como um direito chegou à porta e cobrou,
Disse, estou com fome, quando miou,
Afinal todo dia por aqui, tem se alimentado...
Às vezes a vida nos deixa assim, famintos,
A ponto de pularmos a cerca e invadir;
Claro que não servem como base, instintos,
Há limites marcados pelos recintos,
Mas, se a gata quisesse, juro, poderia vir...
Assim, fico sem ninho, sem chão sem pão,
Esperando que uma hora a sorte mude;
Que chegue o tempo de banir a solidão,
A limonada mostre a serventia do limão,
Pois a alma também carece cuidar da saúde...