Inumano
Despojado de sentimentos
Um humanoide tolo, vazio
Necessitado de acalentos
O verão para mim é frio
Um ser com plena ciência
De sua boba surrealidade
Deleitando-se nesta demência
Misto de dores e saudade
Este algo que sou é somente
Um vulto daquilo que antes fui
Pois havia em mim a nascente
De um rio que não mais flui
Não existe maior pesadelo
Do que ver o próprio fim
Arrancar meu coração e vê-lo
Batendo já fora de mim
Insistir não mais adianta
Ao sofrimento condenado
A verdade é dura e espanta:
Tornei-me inanimado!