Teu espectro
Sozinho em minha casa
vejo sombras se montando
sobre meu corpo que se desmonta
Aparições, que sobrevoam
o que sobrou de mim
Fantasmas de um passado
que ainda ecoa
sob gritos silenciosos
Vejo seres translúcidos
Criaturas invisíveis
Monstros momentâneos
E, entre eles, vejo teu espectro
como uma névoa
pairando livre
entre os cômodos
de minha comoção
Não sinto medo, nem pânico
Dentro de mim
apenas um sentimento
Pena
da vida que tivemos
e que se foi
para o mundo das almas perdidas
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Esse poema foi originalmente publicado no livro "Um lugar para dizer adeus"