vento - flor amarela...
ando eu miudinha
murcha florzinha
sob a força do rigoroso inverno
inferno... sobre mim.
queria eu escrever versos de amores...
entretanto sopra, o vento úmido, a minha pena
e molha o amor muito e as pétalas poucas...
cansadas de insistirem em ser flor do campo
largadinhas no caminho...
dessas, que ninguém as plantou...
e nem regou - regou-as a água da chuva...
amarelinhas - amarelado passado meu...
escrito em versos tantos... tontos...
espalhados pelo mesmo vento úmido
ao julgo alheio... por aí.
e ensaio uma dancinha leve... sem graça...
e o vento úmido faz-me pesar...
e os meus pesares tantos...
e esqueço, então, a dança mal ensaiada...
vida que não permite ensaio.
e abraço o caule meu... quase verde...
e permito então que o vento úmido
lacere todas as pétalas poucas... minhas...
desembarace algumas mágoas minhas...
e embarace outras tantas que causei eu...
e ali... abraçadinha... amarelinha...
choro... úmida... junto ao vento do inverno...
do inferno meu.
Karla Mello
01 de Fevereiro de 2013