Solidão de gente

Na alma da multidão

Bate um coração solitário,

Longe de tudo e de todos;

Não está unanimidade,

Portanto não é burro

O bastante para acompanhá-la.

Vê toda a pressa e para;

Quando todos param, acelera.

Para ele, a alegria não é carnaval;

Não pode ser alegoria,

Não pode ser desenhada

Em cores frias de espanto

E de mera hipocrisia humana.

Crianças são pedacinhos de Deus,

Jovens, são como palha,

Se dispersam sempre e à toa;

Também se aglomeram e morrem

Abraçados se preciso for,

Principalmente se o tempo

E a claustrofobia e o medo

Começam a esquentar demais.

Mas isso é o que eles têm

De mais sublime e bonito;

Espírito de solidariedade irracional.

Gente grande faz guerra,

Arrebenta as Hiroshimas e vai

Para bervely hills, feliz;

Fazer cinema; tranquila e calma.

Nessa multidão não sobra ninguém,

É um salve-se quem puder;

Não há lugar para quem pensa;

Porque, hoje em dia, quem pensa,

É como se não compensasse.

Para a multidão, pensar,

Não parece ser indispensável.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 31/01/2013
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