Solidão de gente
Na alma da multidão
Bate um coração solitário,
Longe de tudo e de todos;
Não está unanimidade,
Portanto não é burro
O bastante para acompanhá-la.
Vê toda a pressa e para;
Quando todos param, acelera.
Para ele, a alegria não é carnaval;
Não pode ser alegoria,
Não pode ser desenhada
Em cores frias de espanto
E de mera hipocrisia humana.
Crianças são pedacinhos de Deus,
Jovens, são como palha,
Se dispersam sempre e à toa;
Também se aglomeram e morrem
Abraçados se preciso for,
Principalmente se o tempo
E a claustrofobia e o medo
Começam a esquentar demais.
Mas isso é o que eles têm
De mais sublime e bonito;
Espírito de solidariedade irracional.
Gente grande faz guerra,
Arrebenta as Hiroshimas e vai
Para bervely hills, feliz;
Fazer cinema; tranquila e calma.
Nessa multidão não sobra ninguém,
É um salve-se quem puder;
Não há lugar para quem pensa;
Porque, hoje em dia, quem pensa,
É como se não compensasse.
Para a multidão, pensar,
Não parece ser indispensável.