NOITE SOMBRIA

Quando a noite se embebeda,

escura e silenciosa deita-se no beco.

Seu sono meio eternal, desperta todo o mal.

A noite bendita, torna-se maldita.

Faz a festa o bizarro.

O silêncio torturante, os boêmios, os insones.

Os madrugadores andantes, os loucos de rua.

A noite parece durar um século.

Uma friagem fantasmagórica ronda o Vale.

Os sinos emudeceram. Calaram-se os meninos.

O vento chora triste na copa das árvores.

Corpos amedrontados se fingem estátuas.

A noite se faz de preces, pecados e medos.

Almas, zumbis, relâmpagos e trovoadas.

Choros, poetas fúnebres e agoniados.

Noite de espanto, preces e santos,

de festejos dos maus espíritos.

Noite de clamor dos abortados.

De julgamento dos malditos,

de prantos frios e sustos.

De salvação dos justos.

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 27/01/2013
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