NOITE SOMBRIA
Quando a noite se embebeda,
escura e silenciosa deita-se no beco.
Seu sono meio eternal, desperta todo o mal.
A noite bendita, torna-se maldita.
Faz a festa o bizarro.
O silêncio torturante, os boêmios, os insones.
Os madrugadores andantes, os loucos de rua.
A noite parece durar um século.
Uma friagem fantasmagórica ronda o Vale.
Os sinos emudeceram. Calaram-se os meninos.
O vento chora triste na copa das árvores.
Corpos amedrontados se fingem estátuas.
A noite se faz de preces, pecados e medos.
Almas, zumbis, relâmpagos e trovoadas.
Choros, poetas fúnebres e agoniados.
Noite de espanto, preces e santos,
de festejos dos maus espíritos.
Noite de clamor dos abortados.
De julgamento dos malditos,
de prantos frios e sustos.
De salvação dos justos.