Das bailarinas ao vento...
Sopram os ventos do inverno as folhas alaranjadas das parreiras...
Fazem-nas erguerem-se do chão... soberanas!
Mesmo depois de execradas pelo outono...
E brincam de cirandinhas com o vento frio...
Giram e bailam...!
As bailarinas no ar da contemplação minha...
Eu... que nem sei bailar nos invernos meus...
E costumo ficar imóvel... embora infinitamente inquieta.
Estática. E sempre faço-me chover e sinto o frio.
Chove muito lá fora...
E a chuva pesa os pequeninos vestidos alaranjados das bailarinas ao vento...
Entretanto elas todas... displiscentemente... bailam...
E posso sentir o cair da tarde sobre elas enquanto a chuva despede-se...
Elas... meninas todas... na sua faceirisse... nem despedem-se da chuva.
Que cala-se... como eu...
Diante do inverno... mesmo à sua frente... e elas bailam!
Mesmo à minha frente... inverno meu... execrada sou.
Karla Mello
20 de Janeiro de 2013