Solidão é a incólume esperança quase desesperançada

Solidão é taça mortífera

Sedutora como o rubro vinho suave

Inebria, atordoa, consome

Tira a razão do homem, cai lhe como entrave

Solidão é caminho na noite escura

Não há nada mais que perdura

É o encalço da dor e da ansiedade

É viver de mentira e morrer de verdade

Solidão é quando para o coração da gente

É aquele momento em que a alma geme, o corpo sente

É aquele vazio que desmotiva e nos faz prostrar

É uma serpente afogueada, de presas bem cravada a nos machucar

É um execrável momento de fraqueza na força

Quando cheio de reminiscências nos deparamos vazio de vontade

É quando a vida está um tanto tristonha

De chorar não temos vergonha, é um pouco de imortalidade

Solidão é gritar seu nome em silêncio e mudo

É senti-la na ausência como se vivesse tudo

Como se perto tivésseis ainda, palpável, tangente

É dor que fere a gente, é veneno de escorpião

É uma passeata com bandeirolas

É a alma em parolas,

É um protesto do coração

É uma sinfonia que melindra e sofre

É tesouro guardado em um cofre

Só a retira quem tem a chave e a senha-paixão

Solidão é a incólume esperança quase desesperançada

Que nos desperta na madrugada como se perto dela tivesse

É o desejo da outra alma que não fenece

É escrever com diamante e sangue teu nome no peito

É querer tê-la por perto, mesmo sem ter o direito

É querer se achar dono sem sentir pudor

É morrer querendo viver

É viver como se nunca a vida se consumou

Solidão é bebida de fel e taurina

Um pouco nos abate, um pouco nos anima

Um pouco é de cair, outro pouco de se por em pé

É veneno de mulher

É cúmplice da fatalidade

É o amor correspondido embora incompreendido

Correspondido apenas naquilo que do outro a gente ama

FidelisF
Enviado por FidelisF em 10/01/2013
Código do texto: T4077847
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