Consciência
E pensava eu que poderia acreditar em mim.
Em todos os perdões que eu mesma já me dei...
Mas persegue-me a criatura perversa de mim!
E espreita-me em cada sorriso...
E arranca-me da face a minha "covinha" menina.
Envelhece-me a alma minha... face e cansa-me.
E, em face da tua presença, rendo-me.
Calo-me e desejo ausentar-me!
Correr num campo de alfazema cheirosa...
Descalça e livre... e corta-me os pézinhos meninos...
E as tuas asas da cor do ébano...
Prendem-me... e fazem-me prantear.
E eu... que só queria plantar...
Flores de inocência amarelas - luz!
Sento-me no campo de alfazemas abortadas...
E entrego-me a ti, criatura perversa de mim!
Tola, indefesa... calo e choro.
(Ah... eu queria o colo da minha mãe...)
E os meus bolsinhos do vestido...
Choram sementes que não germinaram.
Eu não gosto do "travesseiro"...
É ele quem chama-te sempre.
E tu sempre vens e tão sórdida e impiedosa...
Criatura nefasta de mim!
E arranca-me dos olhos os meus sonhos meninos.
E embala-me no pesadelo que deveria ser apenas teu.
Divide comigo, então, esse "banquete" de mim...
Em troca, eu te darei as minhas sementes das flores todas!
Que nunca germinarão em ti.
Karla Mello
07 de Janeiro de 2013