Eu digo o mesmo
"Olhos que choram, a desgraça dos bons;
olhos que veem, o declínio dos sãos.
Olhos egoístas, que contentam em olhar;
olhos condenados, a só observar.
[…] digo o mesmo das feridas.
Feridas que latejam, as consequências do corte;
feridas que doem, na carne sem sorte.
Feridas que ardem, o buraco do peito;
feridas que lembram, cada anseio.
[…] e digo o mesmo das vozes.
Voz que grita, a dor do silêncio;
voz que canta, a canção do inocente.
A voz que ecoa, o trecho da morte
vozes que esperam, que nos conforte.
E mais uma vez cantamos…mudos
Não adianta estão todos surdos
Gritamos ao céu uma resposta
Ele rebate, sua voz é estrondosa
Raios e trovões mancham de branco
As trevas cheiram o nosso pranto
Quanta lamuria foi enterrada
No chão sujo de uma palavra mal tratada
Na sua mente ecoa o silêncio do cessar vida
Enclausurou-se sozinha no coração que batia
Em teu peito o anseio do descanso gritou
Socorro! Estou caindo… vamos você falhou.”