Sem importância
Pensou num poeminha pequeno
desses que se escrevem no guardanapo,
passando o vento, levava o pensamento
pra longe ou pra bem perto
a quem estivesse sentado rente,
mas não vê nem sente,
pois jornal é mais importante
Ou Ipod ou talvez outra tecnologia.
Achou melhor levantar-se
E apanhar uma flor
E dar de presente,
_E flor é mais importante
Que jornal ou Ipod?_ perguntou-se;
Depois levantou-se e caminhou.
O outro nem lhe notou a ausência,
Já que a presença lhe foi indiferente;
Caminhou e foi ver se achava outro ser igual,
Que também gostasse de flor, de poema em papel amassado,
De café partilhado, de ficar olhando nos olhos...
Achou foi o poema que escreveu caído
Sem nunca ter sido lido, botou no bolso e saiu.
Eu, que ia passando, mas não li o papel
Achei que deveria registrar pelo menos a cena
Do poema que nunca foi ofertado
A quem, muito distraído, nem percebeu
Que fez parte da história
Como eles, você_ pois me lê_ e agora eu.