ATO FINAL
As luzes já se apagaram quase todas
Somente um tênue fio ainda banha minha face
Fazendo retinir o brilho de uma lágrima
As cortinas semicerradas começam a ocultar
A imagem de mim a representar
O ato último desta minha peça
Peça esta, quem ma escreveu não sei
Porém, em certo momento
Outra personagem comecei representar
Ante o público que com aplausos e críticas
A assistir minha performance estava
Muitos atos com sucesso eu representei
Entretanto, sucesso somente não tive
Ao mais difícil dos atos representar
O tão sublime ato de amar e ser amado
Neste momento final de meu ato último
Quando canção não mais há a entoar
Atrás da ribalta se encontra queda a orquestra
O público que aplausos e vaias dantes me deu
Dá-me agora somente sua triste ausência
Ecoando no silêncio vazio deste teatro
Recostar-me-ei, então, lentamente ao solo
Num derradeiro ato meus olhos fecharei
Para ao sono eterno me entregar
Viverei doravante dentro da eternidade
Do sonho último onde poderei representar
O tão sublime ato de amar e ser amado...