FARDO
“Não sei separar os fatos de mim,
e daí a dificuldade de qualquer precisão,
quando penso no passado.”
(Clarice Lispector)
Esse cárcere habita no calabouço do meu sentir.
Não sei precisar quantas eras vive subjugado,
talvez esteja aprisionado há anos luz dentro de mim.
Algemado à minh’alma, ele sorri do meu fardo,
passado não apagado, adormecido ao meu lado
friamente não desiste, insiste em existir.
Passa passado! Anda! Liberta-me!
Não necessito da tua companhia
nem tampouco do teu amparo.
Não existe traço mal desenhado;
há universos desalinhados
linhas que já não podem nos unir.
Hoje o ontem não tem espaço,
não tem apreço, não há mais laço...
Agora apenas restou-me o cansaço...
Passado tu chegaste ao fim!
JP05122010-29122012