Rotina
De dia, o sol me atrapalha as pupilas
De noite, a escuridão me confunde as retinas
De dia, as janelas se abrem exageradamente
De noite, conta-se cochindo os segredos
De dia, o orvalho umedece a lágrima
De noite, a lágrima companheira deita comigo em meu leito
A morte se avizinha de madrugada
E se afugenta bem de manhãzinha
E a brisa seca da manhã
me transmite uma paz nostálgica
sem muita verdade,
mas constante e morna.
Espero seu bom dia chegar
o café fresco,
a água do chuveiro obedecer a lei da gravidade
e todo meu cansaço escorrer lânguido pelos
ralos do mundo...
De dia, os toldos são protetores
E de noite são sombrios
As sombras sussurram sobre alguma existência
e tudo torna e,
transtorna novamente em pura rotina
Lá vou eu de novo
a esperar por outro dia...
Viver partindo e chegando
num infinito pendular