Em ruínas o silêncio reina.
De onde estou vejo nitidamente o céu.
Há nuvens dispersas pelo fraco vento.
Tons de anil suavizados densamente.
Vejo aves vermelhas – distantes – centenas.
Recordo-me de dias de assolação.
De gritos; medos e perturbações.
O altar que habitava em meu corpo.
Sujo, fétido, escuro e doente.
Era eu o cadáver esquecido.
O órfão que pescava perigos.
Um aprendiz já velho – esquecido.
Lembrei-me de um sujo sorriso!
A repulsa por minha imagem – evidente.
Meu olhar; um cartaz de desespero.
Meu corpo; atestado de insanidade.
Minha boca; um abismo de insultos.
Ainda contemplo o céu majestoso.
Meu peito purificado e em ruínas.
Quando o observo: silêncio.
Já está difícil definir os ídolos.
Quem restaurará minha demência?
A arte, a fé, o medo ou a ciência?
Nestes – ídolos e deuses habitam.
Em corações sofridos por divergências.