Em ruínas o silêncio reina.

De onde estou vejo nitidamente o céu.

Há nuvens dispersas pelo fraco vento.

Tons de anil suavizados densamente.

Vejo aves vermelhas – distantes – centenas.

Recordo-me de dias de assolação.

De gritos; medos e perturbações.

O altar que habitava em meu corpo.

Sujo, fétido, escuro e doente.

Era eu o cadáver esquecido.

O órfão que pescava perigos.

Um aprendiz já velho – esquecido.

Lembrei-me de um sujo sorriso!

A repulsa por minha imagem – evidente.

Meu olhar; um cartaz de desespero.

Meu corpo; atestado de insanidade.

Minha boca; um abismo de insultos.

Ainda contemplo o céu majestoso.

Meu peito purificado e em ruínas.

Quando o observo: silêncio.

Já está difícil definir os ídolos.

Quem restaurará minha demência?

A arte, a fé, o medo ou a ciência?

Nestes – ídolos e deuses habitam.

Em corações sofridos por divergências.

Roggerio Batistta
Enviado por Roggerio Batistta em 27/12/2012
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