Guerra de rimas
Meus olhos não encontram o horizonte.
Perdidos vagam pelo céu
de azul cianótico inebriante.
O oxigênio invisível e essencial...
Sacia a respiração e a concentração.
O invisível é essencial.
Está no pensamento,
está no sentimento.
Está na fronte,
no serro, na face,
nos espelhos, na luz e nas trevas.
O essencial está no silêncio
Assim como nas palavras.
Na fonética intensa dos gestos.
Das atitudes.
A essência tanto se concentra
como se dispersa.
Voa displicentemente com o vento
ou com as turbinas supersônicas.
e, vão além do infinito.
Transcende, ultrapassa e atravessa
egos, coisas, seres e vidas.
Na guerra de rimas,
na poesia cotidiana
brigam os símbolos e significados
na arena semântica dos valores.
Lutam humanos e humanizados.
Lutam coisas e coisificados.
Escravos e senhores.
Vassalos e suseranos.
Possuídos e possuidores.
Lutam o poder e a esperança.
Na metafísica frugal do dia-a-dia.
Na rotina sacramental dos rituais.
Na cíclica e encíclica da vida e da sorte.
E, da vida e da morte.
Então, a morte é o sumiço súbito de horizontes.
É a guerra de rimas sem lirismo.
É a guerra que mata a todos.
E deixa o deserto por testemunha.