Asas de um silêncio
Estou a um passo do servente, com doutorado em servir bem! Mas, que veste hoje um sorriso desolado em uma alma calma.
Observo pelo canto de meus olhos, a sentinela, que hora também me observa e hora seca os copos com um pano, já malhado pelo tempo.
Não sei o que passa por seu catedrático imaginário, mas sei ser nobre, de seu silêncio.
Pergunto lhe sobre o dia, sobre as dobras horas que se foram desde a manhã.
Que surpreso irrequieto, redobrasse num suspiro, deixando um dos copos e puxando um cigarro que fuma ceava sob o balcão, dizendo ter sido bom!
Percebo a chama ardente de seu silêncio e fico a admirar suas idas e vindas pelo corredor, servindo sorrisos e simpatia a outros que se achegavam, arruaçados.
Pego a pensar então no dramático ciclo da vida, frente a um palco de um grande teatro iluminado com diferentes luzes, que piscam alternadamente sem cessar.
Um coral de luz tempo e terno, que se alternava sobre o bem e o mal, um entalhado reverenciado por sopros, que lá nos primórdios se desalinharam.
Me pego novamente ao balcão e peço a conta ao intrigado chefe dos honrosos silêncios e me vou! Agora com os olhos aturdidos, bordado por um novo silêncio.
........... “ Catarino Salvador “.