A tola contadora de estrelas...

A chuva lembra-me as lágrimas minhas,

no instante em que olhei à volta e tu não estavas.

Só... Sem aquela melodia nossa,

nem as estrelas todas do teu olhar à mim.

Sem os beijos e promessas tantas e vis!

Sem planos alguns... só os meus:

De fuga!

De ti e de mim!

Povoada eu de resoluções inimagináveis à mim!

Becos estreitos à minha volta!

Olhei-o ... Alheio.

Mas ainda bem que, de soslaio, olhei-o.

Deste-me tu de ombros!

E nem viste, sequer, o meu batom que gostavas tanto.

Do que gostavas em mim?

Não sei... Talvez a minha inocência de outrora.

Roubaste-a!

Deves tê-la jogado à ermo em tuas andanças tantas!

Ademais... nem a quereria de volta...

Não me serviria mais.

Escrevo sempre sobre o que todas as pessoas escrevem.

E ando farta de lembrar-me de ti!

E há algo que levaste-me mais que a inocência...

Tu o sabes... E eu queria dar a volta no tempo!

Para pegar o que é meu, enfim...

E não me preocupar sequer com o batom que não olhaste!

E cuspir em tua boca de palavras vis!

Ou então nem olhar-te, sequer, de soslaio!

E atravessaria eu, enfim, os becos estreitos todos!

Sem mim e sem ti! E quase louca!

Mas atravessaria forte, intrépida e soberana de mim.

És tu um ousado!

És tu, hoje, o meu mais horrendo pecado.

As minhas únicas reticências...

E eu? ... Sou o que restou.

Sou uma tola contadora de estrelas.

Karla Mello

06 de Dezembro de 2012

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 14/12/2012
Reeditado em 21/12/2012
Código do texto: T4035326
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.