Pinte a Vida com o Seu Sentimento

As cores, Deus as inventou quando menino, por certo.

E brincava com elas com a mesma paixão e sem cerimônia de quem, um dia, ainda faria tudo o que existe.

Misturando umas às outras e esparramando-as pelo firmamento, punha-se a imaginar planícies e bichos, montanhas e mar, passarinhos e canções, poentes e pirulitos.

Às vezes, quando não saia a correr com as luzes pelo infinito, passava manhãs inteiras, fechado, em silêncio, em seu universo, a encher-se de luz, a cada nova cor que descobria.

Ora lhe pareciam solenes como deveriam ser as florestas, ora preciosas como desejava pérolas e joaninhas.

Mas o que mais o encantava nas cores era o fato de serem cores simplesmente e, todavia, brincarem com seus olhos, darem asas a seus sonhos e povoarem sua alma de sentimentos.

Se um dia criasse o mundo, ele pensava, haveria de dar-lhe cores.

E se houvessem pessoas nesse mundo, haveria de dar a elas a capacidade de perceberem, nas cores, a mesma magia que ele testemunhava.

Percebê-las significaria terem as cores dentro delas: almas coloridas, corações de aquarela.

Assim saberiam reconhecer na própria vida toda maravilha que ela encerra.

Outra vez, como num sonho, teve uma visão de arco-íris.

As próprias pessoas teriam o dom

de serem cores.

E de alegrarem-se umas às outras,

de encantarem-se umas às outras,

de amarem-se em gestos de luz.

A felicidade seria a tradução desse desejo.

Ah como ele gostaria de ver, um dia,

todas as pessoas felizes.

Haveria cor em profusão,

luzes em toda a terra,

nunca mais a escuridão.

Assim seja menino.

DanielFCosta
Enviado por DanielFCosta em 12/12/2012
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