A casa
A casa sempre fui sua, e não minha
Eu nunca precisei de tanto
Mas você precisava de tudo
E merecia tudo de mim
Por isso me sinto um estranho aqui
Porque que a casa era mais sua
Do que é minha
Porque você também
Já não é mais minha
Vida
Não consigo parar de pensar
Me pego olhando em volta
E te vejo se esfregando
Em cada canto da casa
Em cada parede
Com aquele olhar só seu
Se contorcendo e me chamando
Sensualizando
Com antigamente o fazia
E ouço os sussurros
No ouvido "safado"
Mas tudo cai de repente
Descubro que é alucinação
E penso em você com outro
Me pego triste ao imaginar
Que outro homem te encosta
Toca em sua pele negra
Não suporto pensar que
Outro pode estar lhe beijando
Esta boca que foi minha morada
Me pergunto se sente minha falta
Se pensa em mim com carinho ou amor
Não sei se recorda de nosso dias
Se fiz ou não a diferença
Haverá outro sexo melhor que o meu?
Terá todo o mundo que lhe dei?
Sentirá que tudo pode comigo ao lado?
Com outra pessoa?
Sente falta do carinho?
Dos apelidos, das brincadeiras
Sente falta de ser criança no dia-a-dia
E uma mulher completa na cama?
Olho a casa, olho bem em volta
E cada canto, suspira a sua cor
Cada rastro de vento que passa
Traz seu cheiro impregnado
Ainda há muitos registros seus
Vários fios de cabelos cacheados
Este, não removo, e com o vento
Com o seu cheiro nele
Mudam de lugar todos os dias
Mas ainda estão lá
Na minha casa, na nossa
Na casa que sempre foi sua.