MARINHEIRO

No início da madrugada de 28 de novembro de 2012

Ofereço este poema, com carinho, ao mais antigo de todos os meus amigos

marinheiro de olhar perdido

nos longes navios

marinheiro

a pisar areias

diante do mar de marola

a sonhar profundidades

um menino

sob o olhar dos pais

faz e desfaz

e refaz

seus castelos de areia

marinheiro a olhar

rotas invisíveis

mares invisíveis

navios invisíveis a abrirem uma estrada

em alto mar.

as cidades

do marinheiro invisível

a olhar os navios invisíveis

a olhar as mulheres invisíveis ao olhar

marinheiro sob o crepúsculo

vermelho mar.

marinheiro...

e o menino

que fazia e desfazia

e refazia castelos de areia

lá se vai com os pais

a atravessar a avenida

que separa os prédios

já iluminados

das areias

com as quais se erguem castelos

para se desmanchar.

O olhar do marinheiro é triste

como o olhar de quem já não reconhece

navios rotas mar.

O marinheiro

caminha areias noturnas

areias estranhas

sob o ruído de seus passos estranhos

enquanto meus olhos choram

a seguirem seus passos desolados

com o meu cansaço olhar.

Escrito no crepúsculo de 27 de novembro de 2012.