EU SEI QUE ESTÁS BEM AGORA

Deixa-me voltar para a minha solidão,

Enquanto tu voltas para o teu nada...

Nunca nos despedimos com palavras,

Nem com olhares cheios de saudades!

Por que houve esse tempo

Para que nós nos conhecêssemos?

Melhor seria se não tivéssemos nos conhecidos,

Agora eu estaria desprovido de tanta dor,

Não saberia o que é o sofrer...

Não conheceria a solidão tão profunda,

Que me amordaça neste seu dia a dia,

Enclausurando-me numa desesperança...

Melhor seria se não houvesse luz,

Que as trevas tivessem nos ocultados um do outro...

Ainda bem que não houve despedida,

Assim não podemos ter lembranças

Daquilo o que não houve...

Vá, era necessário que assim acontecesse!

Que os dias passados não voltem mais;

Que não entrem nos meus dias de hoje em diante...

Que fiquem sepultados no tempo que ocorreram;

Que não me assombrem quando eu os lembrar;

Que não me tragam um só momento

De tudo quanto foi vivido lá...

Como me dói expor esses sentimentos

Ainda florescidos no meu peito...

Dizei-me vós, ó zombadores,

É necessário sofrer para expor

A ferida rasgada na alma?

Que não haja pus para latejar...

Nunca nos despedimos com palavras...

Que não haja recordações desses momentos!

Volte para o teu nada,

Deixando-me acolhido na solidão!