SENTADO À BEIRA DA ESTRADA

Num escuro e frio canto,

Onde o lamento cedeu lugar ao planto;

Não mais desejo seu amor,

Quimeras cobrissem meu corpo com um manto.

Na trêmula fadiga de minh'alma conturbada,

Apenas minha ânsia do depois;

Em minha memória quase apagada,

Lembranças mórbidas de nós dois.

Ah! Como eu queria aqui novamente vê-la passar;

Talvez pra aumentar o meu martírio,

Se acompanhada estivesse,

Ou me aquecesse se dissesse:

Vim só pra te amar!

Já na madrugada o meu delírio envaidece;

Vejo brilhar luzes, pensei serem teus olhos,

Mais um pouco e vi que nada era verdade,

Senão apenas mais um dia que amanhece.

Vem o sol, foge o frio,

Tem calor, dispenso o manto;

Falta o seu amor,

Retorna o meu planto.

Passa mais um dia e eu ainda aqui;

Sentado à beira dessa estrada,

Desde quando te perdi.

Josegomes
Enviado por Josegomes em 16/11/2012
Código do texto: T3989509
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