SENTADO À BEIRA DA ESTRADA
Num escuro e frio canto,
Onde o lamento cedeu lugar ao planto;
Não mais desejo seu amor,
Quimeras cobrissem meu corpo com um manto.
Na trêmula fadiga de minh'alma conturbada,
Apenas minha ânsia do depois;
Em minha memória quase apagada,
Lembranças mórbidas de nós dois.
Ah! Como eu queria aqui novamente vê-la passar;
Talvez pra aumentar o meu martírio,
Se acompanhada estivesse,
Ou me aquecesse se dissesse:
Vim só pra te amar!
Já na madrugada o meu delírio envaidece;
Vejo brilhar luzes, pensei serem teus olhos,
Mais um pouco e vi que nada era verdade,
Senão apenas mais um dia que amanhece.
Vem o sol, foge o frio,
Tem calor, dispenso o manto;
Falta o seu amor,
Retorna o meu planto.
Passa mais um dia e eu ainda aqui;
Sentado à beira dessa estrada,
Desde quando te perdi.