Como Aquele Pássaro Inerte
Clara da Costa
No silêncio rasgado pelo sussurro do nada,
nesse deserto chamado solidão,
com os lábios da noite a tocarem o rosto.
um olhar se deita na imensidão.
A poeira do passado traz a lembrança
de sentimentos dolorosamente perdidos,
nas vielas íngrimes do caminho
cruelmente arrancados.
A lua piedosamente observa,
as estrelas se entristecem, o poeta chora...
faz-se a rima da poesia com melancolia.
Nesse atordoado instante,
a alma sufoca aquele grito constante,
como aquele pássaro inerte, sem asas para voar.
Nov/12