Tarde
O coração já não arde
Não se alenta com um sonho
Perdeu-se em ermo, tristonho
Deu guarida pra tristeza...
Não vê beleza nas horas
Que deslizam silenciosas
Sem permitir um caminho
Que me livre destas penas...
Tarde já, para um desvio
Mergulhado num fastio
Nem mesmo o sol mais encanta...
Nos rabiscos pela mesa
O discurso da tristeza
Reina livre e soberano...
Que me importa mais um ano?
A eternidade é um açoite...
Na solidão, no abandono
Quero da dor me livrar...
Tarde, ainda pra voltar,
Loucura do descaminho...
Não me permite um luar...