Tarde

O coração já não arde

Não se alenta com um sonho

Perdeu-se em ermo, tristonho

Deu guarida pra tristeza...

Não vê beleza nas horas

Que deslizam silenciosas

Sem permitir um caminho

Que me livre destas penas...

Tarde já, para um desvio

Mergulhado num fastio

Nem mesmo o sol mais encanta...

Nos rabiscos pela mesa

O discurso da tristeza

Reina livre e soberano...

Que me importa mais um ano?

A eternidade é um açoite...

Na solidão, no abandono

Quero da dor me livrar...

Tarde, ainda pra voltar,

Loucura do descaminho...

Não me permite um luar...

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 07/11/2012
Código do texto: T3973300
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