Ausência

Eu queria cantar, mas a madrugada ensurdeceu

Quero ouvir tua voz, mas você já adormeceu

Preciso te ver, mas você está distante

Sinto a tua falta a cada instante...

Tudo é um vazio tão grande que se resume a nada

E o nada – tão logo tudo que me resta – se resume à madrugada

Assim que teu perfume discreto consegue inundar o meu quarto

Escorrendo nas paredes frias me aguçando o olfato

É fato que você não está e mesmo assim é presente

Presente de grego, mata meus sonhos e tortura meu inconsciente

Conscientemente corta minha consciência sagaz

Que tenta sem êxito ser que tua presença astral mais tenaz

Rosa vermelha de sangue és tu linda mulher!

Que desde menina amo e sou amado por...

Pôr do sol, chuva, faz tempo, muito tempo

Confesso que amei tudo, mesmo que tenham sido palavras ao vento

Fico triste, sou triste, tudo fica triste sem você aqui

Amei e amo desesperadamente teus olhos de fada

Enfada calada a embandeirada dos sonhos mortos

E como Nero em Roma, deixa meu dilacerado coração em destroços

Não és bruxa, és uma doce fada!

E tuas roupas brancas mancharam na lama de um sentir grotesco

Perdoe-me pela túnica manchada...

Mas dai-me tua pequena mão a levantar-me do tropeço

Como uma mãe acolhe um filho aflito, aceite-me em teus braços

Prometo que se quiseres, deixo minha paz e vou-me embora

Muito embora saiba profundamente dos cruéis embaraços

Que nos torturarão por todas as noites afora

Fora toda a água e leite que ainda vamos chorar o derrame!

Alex Fernando
Enviado por Alex Fernando em 05/11/2012
Reeditado em 05/11/2012
Código do texto: T3969222
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