em busca do poema perdido
Tá bom; vou atrás do poema perdido,
Mas, duvido que se deixe achar fácil...
Não é como um fusível queimado, que,
uma vez trocado, refaz o engenho inútil...
Talvez uma textura de maciez incrível
que um cego por sensível, identifica táctil;
Mas, a mim, uma ave colorida e maluca,
que demanda uma arapuca, porque, volátil...
É que se o leite da inspiração não verte,
o poeta mamífero se converte em réptil;
quem pensava que brotava como grama,
sabe, pós o drama, que a gente vira débil...
Quem está, enfim, de alma extraviada,
sem se encantar com nada, poesia é difícil;
mas, se acaso chispa uma ínfima brasa, aí,
ganha asas, não se derruba nem com míssil