A pedra
Hoje acordei com a esperança
De que tudo seria melhor
Mas acordei com um homem gritando:
- Mas que droga! Não tem vida pior!
O homem passou do meu lado
Me olhou com ódio no rosto
Chutou-me para o fundo de um lago
Parecia até que tinha um encosto.
Um garoto nadando, me viu
Também tinha um ódio na alma
Me pegou e jogou no amigo
Que, então, se cortou nesta fauna.
O garoto cortado, sem cor
Correu, gritando:
- Que dor!
Refleti e depois também vi
Que a cor do sangue, vermelha
Era a única que reinava ali.
Parado de novo, eu estava
De repente chega alguém
Que atropeça em mim, e depois
Vê se ali não tinha ninguém.
Sai andando com muita vergonha
Receia de cair novamente
E novamente ali eu estava
Atrás. Tudo na minha frente.
- Olha essa pedra
Grita um homem
- Se compara a você
Depois passa a dizer ...
- Sem carne, sem alma, sem luz, sem voz, sem razão pra viver.
Corre a mulher, chorando na rua
Sem afago, abraço
Com a alma nua.
E então no final, só eu percebi
Que uma mera pedra que estava ali
Estaria sem alma, sem luz, sem voz
Sem essas coisas que importam a nós.
No final, lá estava
Uma pedra no chão,
Com sangue de um garoto
Vergonha de um rapaz
E o fardo de ter sido comparado a uma separação...
Tão sagaz.
O meu fardo não foi de ter sido chutado.
Meu fardo não foi fazer um garoto cortado.
Meu fardo não foi dar vergonha à um rapaz.
Meu fardo não foi separar simples paz.
Meu fardo é ter que saber
Que diferente de uma flor
Sou simplesmente, e nada mais
Símbolo de guerra, de dor, não amor,
Apenas utilidade pra fazer mal a alguém.
Queria eu, pelo menos, não machucar ninguém.