Com os vermes
Quando meu corpo estiver ali
Não quero flores
Nem uma bela lápide
Bordada por palavras que ali
Já não fazem mais sentido
Eu não desejo nem uma lágrima
Nem um coro gritando meu nome
Não quero vela
Não queor homenagens
Deixe-me lá a sofrer pela decomposição
Deixe-me lá com os vermes
Que a cadeia alimentar se mantenha
E que meu sangue seja vida de alguma vida
E já disse...
Eu não quero cortejo
Não quero rojões também
Não tenho medo da morte
Mas também não quero morrer
Abra as portas de minha urna
Deixe-me viver com o mar
Queime-me no forgo quente
Embalsame-me na tumba em meu nome
Se quiser também me exponha
Ao vento e luz da lua
Deixe-me com os corvos
Ou com as corujas
Se quiser de mim doar
Que me doe inteira
Que eu possa ser vida
Se estiver fora da cadeia
Deixe-me morrer em paz
Faça uma oração
Jogue flores em meu caixão
Mas não me chama de volta
Pois a minha alma
Quer descansar