LAMENTO DE MULHER
Meu bem amado já não me ama
Com seus olhos azuis ele se quer me engana
Já não profana a doce palavra
Não sussurra no meu ouvido o amor
Já não escuta o meu lamento de mulher...
Resta hoje a lágrima nos meus olhos
A embriaguez da minha solidão
Faz-me sofrer esse meu poeta
Dilacerando o sôfrego coração
És tu o meu caminho homem
Tu és a minha estrada
As minhas sandálias
Os meus pés
A minha direção nas madrugadas
És tu a minha vadia bússola!
A lava quente que era a nossa paixão
Um vulcão ardente em erupção
Hoje é tristeza, é tempestade de neve
É uma dor carregada
Um amor eterno que hoje se revela breve
Faz-se pesado o pranto que outrora era amor, era leve
Hoje eu sigo sem o meu abrigo
Meu ombro amigo
Sem o olhar e a poesia daquele que tanto me amava
Sem a loucura sóbria que me abria à mente
Que me abria as pernas num desejo ardente
Beijos quentes, atos insanos, inconseqüentes
Um amor tão forte que até parecia loucura
Meu poeta tinha toda uma perfeita simetria
Uma singela mistura
Tinha toda a libido do capeta e do anjo a mais tenra ternura