A síndrome...
A SÍNDROME
Vai-se mais um tempo
E eu aqui, neste leito triste
Visualizo pelo quadrante da janela,
Lá no horizonte estreito o sol opaco
Fustigando em um tom abóbada...
É o fim de mais um dia de espera
Desde a esperançosa aurora
Até o rude cerrar das cortinas...
A noite prenuncia ser mais fria
Com temperaturas íngremes
Não serão tão diferentes das outras...
Meus restos já se afeiçoaram
Aos restolhos de cobertor amarelado...
E assim confidencio solitário,
Blasfemando com os esparadrapos,
Com agulhas que se fizeram táteis
Viciadas nas veias da perversão...
Pensamentos fúteis vêm e se vão
Será que ainda estou aqui, ou já se fui!
Ainda sou matéria ou Espírito!
Virei zumbi aos léus ou anjo de Deus?!
Por onde anda meu ex-amor?
Será que ainda vende prazer por aí afora?
Será que continua infectando?
Ou como castigo já se foi desta!...
Não existe mais o dia ou a noite
O apocalipse já se faz presente
Existe o certo ou errado?
Sinto que meu julgamento chegou.
Pois a vida, qual vida evadiu-se de mim
Tal qual desejada caça do caçador.
Foi-se a vã ilusão de dias vindouros
O sentido lógico da vida não mais procede...
Aguardo apenas o último respirar
Nesta cama fétida e repugnante
Brado aos céus para alguém desligar,
Esses fios e aparelhos robóticos,
Que teimam em dar-me um triz de vida...
Estou esperando... Esperando...
Dou a mão ao meu Espírito.
Fecho os olhos!...