A síndrome...

A SÍNDROME

Vai-se mais um tempo

E eu aqui, neste leito triste

Visualizo pelo quadrante da janela,

Lá no horizonte estreito o sol opaco

Fustigando em um tom abóbada...

É o fim de mais um dia de espera

Desde a esperançosa aurora

Até o rude cerrar das cortinas...

A noite prenuncia ser mais fria

Com temperaturas íngremes

Não serão tão diferentes das outras...

Meus restos já se afeiçoaram

Aos restolhos de cobertor amarelado...

E assim confidencio solitário,

Blasfemando com os esparadrapos,

Com agulhas que se fizeram táteis

Viciadas nas veias da perversão...

Pensamentos fúteis vêm e se vão

Será que ainda estou aqui, ou já se fui!

Ainda sou matéria ou Espírito!

Virei zumbi aos léus ou anjo de Deus?!

Por onde anda meu ex-amor?

Será que ainda vende prazer por aí afora?

Será que continua infectando?

Ou como castigo já se foi desta!...

Não existe mais o dia ou a noite

O apocalipse já se faz presente

Existe o certo ou errado?

Sinto que meu julgamento chegou.

Pois a vida, qual vida evadiu-se de mim

Tal qual desejada caça do caçador.

Foi-se a vã ilusão de dias vindouros

O sentido lógico da vida não mais procede...

Aguardo apenas o último respirar

Nesta cama fétida e repugnante

Brado aos céus para alguém desligar,

Esses fios e aparelhos robóticos,

Que teimam em dar-me um triz de vida...

Estou esperando... Esperando...

Dou a mão ao meu Espírito.

Fecho os olhos!...

Marcos Antony
Enviado por Marcos Antony em 18/10/2012
Reeditado em 25/06/2018
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