Sina

Do exímio anoitecer avisto caminhos,

mas me perco de vista.

O pesar sobre a alma, amordaça sorrisos leves.

Da alegria

a alergia

Vetos tão ineptos, verbos tão inóspitos.

Já de madrugada, ando perdida de mim

como se meus pés não alcançassem meus rastros.

Trago teu enervante penar e me perco na fumaça do último trago.

Quando o vento noturno invade meu peito,

ouço uivar rasante no vazio

o eco de enxotar intruso.

Mas quando o sol acorda o dia

A criança em mim também desperta,

Corajosa, logo se veste de sonhos e sai à rua

Desce as calçadas, descalça

Rodando teu vestido de renda

Sem se render

Leva um sorriso amarelo, amargo talvez.

Mas espalha uma felicidade nem sempre tão sua.

Consola além das arestas semi-abertas dos olhos

de quem ainda desperta pra vida,

leva canções como pedrinhas de açúcar,

adoçando os azedos passos e

provocando sorrisos.

A tudo ainda não dei um nome,

só sei que a criança em mim,

de dia alimenta os enfermos da alma

e a noite ela passa fome.

Lorenna Matos
Enviado por Lorenna Matos em 17/10/2012
Reeditado em 09/08/2017
Código do texto: T3937494
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