CARTA AO PAI
Sentei à mesa...
Minhas lágrimas caiam 4 a 4...
Não atingiam o móvel...
E ainda no espaço,
Se transformavam em folhas úmidas.
As folhas caiam sob meus olhos alagados.
A caneta ao lado repousava,
De tinta azul em rubra se tornou
Entendi que tudo estava pronto,
Com lágrimas, sangue e aflição...
Pronto para escrever prá Deus!
“Pai, estou aqui,
Aqui aonde me pusestes
Neste mundo de dor prá expiação
Onde o sacrificado é sempre o coração.
“Pai, mas eu estaria contente
Nesse sacrifício de dor do coração
Se somente o meu fosse posto no suplício
Somente o meu, meu Pai, somente o meu!
“Mas tu colocas junto a mim outras pessoas
Que encantadas me doam seus corações
E embaçadas pelo que suspiram ter
Sofrem os sonhos que não se realizam
“Pai, permita que eu sofra a solidão
Que a noite me aconchegue com os sonhos
Que de dia eu caminhe com a saudade
Mas que nunca, eu jamais faça sofrer
Quem de mim só quer todo o amor!”