Morremos

Morremos todos

Morremos como brancos,

Como negros, como seres livres ou escravos

Como homens, como mulheres,

como andróginos

Morremos.

A vida se esvai no passar do tempo

A vida escoa na ampulheta invisível

Mas inexorável.

Morremos.

E, depois vem o enterro,

o caixão, as flores, as homenagens

E finalmente a ironia...

Dos que sobreviventes a nos recordar

Como não estivéssemos mortos...

Falam de nós, discutem sobre nós, como pudéssemos responder,

Contra-argumentar...

Mas nossa presença agora é apenas silêncio,

Se espalha em reticências ditas

Em olhar cravado na cruz do cemitério.

Todos morremos.

Amados ou não.

Felizes ou não.

Satisfeitos ou imperfeitos,

Estelares ou umbrais...

Somos dotados de vida fugidia

De luz tênue que com o tempo se apaga

Somos cometa, átomo e metabolismo.

Somos números, fórmula e crescimento.

E depois, de tanto crescer

Em prol da finitude e da impenetrabilidade dos corpos.

Morremos.

Cedemos lugar para quem vem depois,

Cedemos espaço, fala, semântica

E dinâmica para os que chegarão...

Talvez percorram nossos mesmos passos

Mas será novidade para os incautos...

E, enfim, quando finalmente alguma sabedoria

nos visita...

Furtivamente, morremos.

Adeus,

e até amanhã em minhas memórias.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 30/09/2012
Código do texto: T3908535
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