AVES DA MADRUGADA
A horas mortas me levanto
Em meio a tanta escuridão
Da madrugada não me espanto
Nem me assusta a solidão
Respiro fundo e me preparo
Com outra roupa eu me visto
Abro a janela e me deparo
Com algo novo, nunca visto
Em frente à lua que declina,
Que está brilhante e tão calada,
Cruzam as aves da colina
E lá se vão em debandada
Aqui ao lado, sobre o muro
Está piando uma coruja
Como ainda está escuro,
Não posso ver a dita cuja
À minha mesa eu me sento
Para abarcar algum estudo
Ao tal piar, que é um lamento,
Deste pássaro tão sisudo
É possível que a coruja
Esteja algo a dizer
Então não quero que ela fuja
Até que eu possa entender
Mas entender a predição
Será tarefa de adivinhos
Não tenho tanta percepção
E muito menos os vizinhos
A lua some lá no céu
Fica a coruja e seu refrão
Eu medito no agouro seu
E não alcanço a conclusão
Por fim a ave da qual falo
Bate as asas assustada
Pois agora canta o galo
Que é o rei da madrugada
Falei de aves bem espertas
Nestes versos que você leu
E estas horas são as certas
Para ler um poema meu