Cotidiano.
Uma bolinha pra dormir, pra acordar. A cor de rosa, quem sabe? Pra viver.
Viver pra que? Viver pra quem?
Nesse apartamento só há um peixe, e é azul. Da cor de Deus, da cor do mar.
Há aquela planta. E é frágil, eu sou. Tem até perfume, e exala dor.
Acendi uma vela pra pedir amor. E tive, e foi.
Trabalhei, estudei. E quem fui? Quem sou?
Não fui bom filho, pois não voltei pra casa.
Não fui bom cristão, e a fé cresceu.
Não fui bom amigo. Chorei sozinho.
Nem fui amante de ti ou de mim. E eu vivo.
Mecânico, robotizado, metálico. O cotidiano entre cafés amargos.
Meus lençóis estão limpos e obrigado. A alma nem tanto, e pra que?
E quem virá? Quem viverá?