Solidão em estações alternadas
Vemos flores crescendo em campos verdes,
início de uma nova primavera de cores,
entrelaçamento de sensações perfumes,
ouvimos os pássaros cantando animados,
vôos coordenados por entre os galhos,
uma paisagem de um quadro impressionista,
cada pincelada transpondo a emoção do artista,
exposto na galeria de almas felizes dessa nova estação,
enquanto sentados sobre essa mureta apenas observamos,
conservando a solidão enraizada em nosso espírito,
esperando uma chuva interna que regue nosso deserto,
tentando crer que as coisas poderiam ser como antes,
quando não haviam nuvens pesadas de preocupação,
quando o sol nascia anunciando um dia de brincadeiras,
mas a vida parece ter saído dos eixos programados,
e agora o sol se põe todos os dias em nossos sentimentos...
.
Disseram que o inverno era uma temporada de isolamento,
a neve esfriando corações já magoados pelas circunstâncias,
o vento frio cortando a pele como uma navalha de erros,
as árvores sem folhas como esqueletos de um passado perdido,
mas quando se está solitário qualquer estação é uma ilha,
verões não aquecem espíritos dissonantes com a realidade,
outonos não trazem novos frutos a quem vive sem perspectivas,
e assim seguimos como zumbis em um território desolado,
reproduzindo como autômatos gestos indiferentes aos demais,
fingindo o encaixe de um quadrado em um círculo,
apenas para nos esquivar de perguntas ou julgamentos,
carregando o peso do mundo nas costas como punição,
sorrindo lágrimas de verdade em mentiras escritas,
ouvindo músicas que retratam tão bem nosso deslocamento,
sobrevivendo como prisioneiros de um tempo infinito,
não importando as estações, somente aguardamos um fim...