A Trégua
Eis que me encontro em frente à cobiçada solidão das tréguas,
Que há muito fora sonho, mas sendo realidade martiriza meu coração.
Então, assim como em Paris um chafariz faz verter águas,
Faz-me derramar lágrimas de sangue ao chão!
Agora vejo, em meio a esta tua tenra ausência,
Como eram belos os dias, os quais eu passava em tua companhia.
Como, de forma metafísica, conhecias tu a minha essência?
Eu, que sempre achei que nada me abalaria.
E agora quem irá sorrir como tu sorrias para mim?
Bailar em meio à cachoeira de folhas a cair,
Folhas que procuram a terra em teu jardim?
Quem dirá o que olhas, por que te ajoelhas, aonde queres ir?
O que me resta agora, a não ser a trégua e sua paz?
Que saudade das tardes contigo que já não tenho mais.
Pois estar só sob as estrelas já não me apraz.
Sonho mesmo acordada, a pensar, ademais.
Pois que assim seja, solitária sentença.
Pois mais vale viver só, somente com a lembrança de tua presença,
Do que estar contigo, sentindo-me a mais solitária das criaturas,
Pensando que talvez eu não seja tudo o que tu querias.
(2 de abril de 2012)