Dois caminhos
Dois caminhos dentro de uma só pessoa,
o bem e o mal digladiando por uma vitória inexistente,
talvez esse seja o único caminho possível,
viver duas vidas aprisionado em uma garrafa,
lutando contra tudo que destoa do sensato,
estilhaçando a sanidade na parede do convencional,
espatifando o que é certo no mar das incertezas,
duas pessoas atadas à um só destino,
sim e não para um mesmo limite,
vivemos esse plural no singular,
convivendo com nossas grades invisíveis,
suportando nossas personalidades intimistas,
para então só enxergar no espelho um reflexo,
dois caminhos de luz e sombra,
tentando continuar sem desistir de sobreviver,
buscando algum milagre em terra de cegos,
esperando uma mágica que faça o tempo parar,
um movimento que quebre ao meio esse duplo único,
sentindo mais uma tempestade se aproximar,
chorando lágrimas silenciosas no interior de um sorriso,
falseando emoções na transparência de um vidro blindado,
talvez esse seja o modo de lhe falar sobre mim,
de lhe dizer o quanto minha solidão anda acompanhada,
de como tenho sido um samurai invisível de desenho animado,
sentado no telhado de um castelo sem contos de fadas,
observando um mundo de pessoas que se dizem normais,
enquanto eu carrego esses dois caminhos em mim...