Sonhos também morrem
Fui me perdendo pelo caminho...
Pelos sonhos emoldurados nas paredes de meus pensamentos...
Aos poucos fui recolhendo-me a mim mesmo.
Permiti-me, a cada dia, um breve esquecimento...
Fui ficando pra trás,
Tal qual pensamentos que não desejamos;
Que abandonamos em qualquer rua parada...
Lá, naquela estrada velada, ficou um pouco de mim.
Metade do que fui.
Minha alma deixei ali.
Sorri a ela...
Deixei-a com esta imagem.
Hoje choro...
Tenho sua imagem gravada em meu peito.
Acho que imploro para encontrá-la,
Mas as ruas estão mudadas...
As velhas estradas foram apagadas;
Substituídas por passarelas,
Vielas que deixam em minhas memórias um pouco de saudade.
Deixei-me pelos caminhos que passei...
Sonho com todos os sonhos que não realizei,
Mas sei que não posso tê-los novamente,
Pois quem sente, sente apenas uma vez
E quem sonha, assim também o faz...
Um sonho que não realizamos, não o sonhamos nunca mais...
Ficamos nos “Ais”...
Na saudade do que não volta jamais.
Nos suspiros abreviados.
Tornamo-nos escravos destas lembranças.
Perdi-me nesta dança do tempo...
Hoje, como vento, passo;
Sinto-me, mas perco-me novamente...
Sigo em frente, mas tudo o que vejo é passado;
É rosto abraçado à solidão.
Tudo o que sinto é um coração apagado...
Guardado numa estrada qualquer.