BARCO À ESMO
Esses remos não me obedecem mais
Sigo a esmo, conformado,
E em paz.
Sou uma bussola sem ponteiros.
Desafio comprovações científicas
Olhando para o céu
Rabiscando versos sem sentido
No único pedaço de papel.
E se ninguém me ouve,
Irei proclamar meus versos
Na proa do barco, em meio ao mar deserto.
Ninguém julgará minhas lágrimas.
Faço do balanço das águas
O embalo de sono
-como o de criança.
Permito-me a entrada da inocência.
Não sei onde as ondas me levarão
Se não sei o destino,
Não tenho pressa para chegar
Faço da embarcação meu lar.