O frio chegou
Quando o frio chegou,
Aquele frio que gela não só os corpos,
Mas também os pensamentos,
E como não se bastasse o frio,
A chuva também veio.
Pingos gelados caíam em tudo
Que se expunha a ela ou
Tentava fugir dela.
E aquele campo imenso aberto,
Com terras cujo fim eu não via,
A chuva molhava o gramado,
Junto com o frio torturante.
Estava quase amanhecendo,
Mas a escuridão continuava,
No qual o nevoeiro rondava
E dali não saía.
Eu andava ou quase rastejava,
Iluminado por uma escuridão
Que só se via depois do nevoeiro,
Que não tinha mais fim.
Havia ali uma cerca,
Muito simples e sofisticada pelo lugar,
Era de arame do qual cada pontinha,
Daqueles espinhos, caiam pequenas gotas,
Simples gota de uma chuva que marcava,
Não só o início do inverno,
Mas o início das recordações,
Recordações de um tempo que passou.
Mas a chuva ainda continuava,
Molhava as folhas verdes e vivas
Enquanto o frio as cortava.
No mais longe olhar uma velha casa,
Uma casa não muito simples,
Suas janelas já velhas,
Algumas até batiam com o vento.
A porta era imensa e bem usada,
Parecia abandonada,
Uma porteira a sua frente, quase caindo,
Os tijolos aparecendo,
Era mesmo uma verdadeira ruína,
Pois é nestas ruínas que a chuva predominava,
Num soprar frio de um vento morto,
E o nevoeiro sempre a rodar,
E é nesta casa que fiquei,
Porque em outro lugar sem você
Tornaria-se vazio.