O   HOMEM  E  O  MAR
 
  Havia  um vasto  mar_
 desses  à  se  perder  de   vista_
 e sobre  ele  um  barco
 e dentro  dele
 um  homem.
 
 Um homem solitário,
 no  silêncio cortante da manhã,
 sem horizonte à se avistar,
 sem peixes  à pescar:
 apenas homem,barco,solidão...
 
 Dentro do  homem seres abissais,
 desses encontrados  nas profundezas ,
 do  imaginário  oceânico decomposto,
 como numa fábula de esponjas e líquens
 que assola todo homem só.
 
 E em sua longa  espera_
espera de perdão,espera da salvação_
 na   precária   esperança que é viver,
 havia  ali um homem feito  de  ausências,
  medo,  fome  e   solidão.
 
E  seria  o mar  azul  dos  sonhos   dos  poetas
 não  fossem  a memória cinza e o  desejo rubro,
 e o desespero pálido,nas  curvas  do  tempo,
  arquitetando  enigmas  e  rugas  e  sulcos
 na  face  do    homem solitário .
 
Uma  face de  presságios  e    miragens 
 no  embate  entre o  ceticismo  e  a  fé,
  nos  arremessos  do  barco  contra   rochas,
e nas  geográficas  formas  de  desespero
 das ondas  e   cheias  da   maré.
 
 E a  noite seria  ainda longa,triste  e incerta
 e  o  homem descrente   e   exíguo
 não   fossem  suas  mãos     fecharem-se  em prece,
 pois    a  solidão   não  cala  o homem,
 e   a   alma  anônima  clareia o dia
 nas   sendas  do   destino  que   o consome,
no  vasto  mar à   se perder   de  vista.
 
                       MARCIA   TIGANI_SETEMBRO   2012
MARCIA TIGANI
Enviado por MARCIA TIGANI em 10/09/2012
Reeditado em 12/04/2014
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