"Coração a deriva!"
Procurando sem nada encontrar,
Como onda que quebra na areia, nas pedras volvendo ao mar,
Sempre ao mesmo lugar...
Há quanto lhe espero?
Por quanto tempo mais poderei viver sem lhe ter?
Até quando serei feito onda a volver pro mar?
Se até as águas por vezes revoltam-se,
Não suportando ter de ir e voltar,
Sempre ao mesmo lugar...
Como se procurasse algo insistentemente,
Sem nada encontrar, sentindo o gosto da areia, das pedras,
Volvendo sempre ao mesmo lugar...
Sem amor, sem eira nem beira,
Sem um porto à atracar,
Sem destino à aportar seu sonho!
É, meu coração é barco...
Preso nessa imensidão,
Sozinho a deriva, exausto...
Tendo que contentar-se,
Em apenas avistar-te sem poder lhe tocar,
Sem forças para içar as velas e navegar.
Felizes são as ondas!
Ao menos beijam a areia e as pedras antes de regressar.
Quem me dera ser uma onda!